"Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida"
Dados da Realidade.
Os dados são alarmantes. A depressão mata mais gente no mundo hoje do que a pólvora. São 900 mil suicídios por ano no mundo, enquanto as mortes por arma de fogo (homicídios, conflitos armados, guerras e latrocínios, etc) matam 800 mil.
Os dados são alarmantes. A depressão mata mais gente no mundo hoje do que a pólvora. São 900 mil suicídios por ano no mundo, enquanto as mortes por arma de fogo (homicídios, conflitos armados, guerras e latrocínios, etc) matam 800 mil.
Já é realidade. Estimava-se que até 2030 a Depressão seria a Doença que mais mataria no globo, contudo ela em 2017 já faz mais estragos do que se estipulara anteriormente.
Agregue a estes fatos: a cidade de São Paulo é hoje no mundo, desde de 2012, a que mais tem pessoas com transtornos mentais do planeta.
A depressão e o suicídio são assuntos ainda tabus em uma sociedade atrasada, o que ajuda a montar uma bomba relógio de detalhes MULTIFATORIAS. Afinal de contas, a depressão não surge por um fator isolado, mas por vários fatores, podendo ser externos e internos, sociais ou bioquímicos.
A Escuta como lugar de Cuidado
A Escuta como lugar de Cuidado
Esta semana programei com os alunos uma "aula invertida". Na qual eles pesquisarão sobre o tema e trarão experiências, estudos, dados, estatísticas, pesquisas avançadas e relatos sobre "Depressão e Suicídio".
O intuito é debatermos de forma sensível e ética, com a escuta em alerta, o tema e as reais causas da Depressão e do Suicídio no nosso cotidiano cheio de tabus, preconceitos, ignorâncias e desumanizações. Com isso ampliamos nossa percepção de mundo, nossa percepção sobre o Outro. Criando uma nova fenomenologia da percepção do mundo: uma percepção da escuta e do cuidado.
Para isso, os alunos estão já pesquisando e mandando os textos. Estão conversando com os familiares. Estão atentos e já mandando relatos.
O cuidado do professor: ser estudante.
Eu também, estou coletando dados e indo atrás de informações concretas. Por exemplo, ontem, dia 18 de Setembro fui até Postos de Saúde na Zona Leste de São Paulo para ver como tratam a questão da Depressão e do Suicídio. Já que é São Paulo uma cidade com índices alarmantes e ainda mais nas periferias.
O que vi foi de um cuidado avassalador. Vi cartazes sobre o "Setembro Amarelo", vi e li cartazes explicando o que os sintomas da depressão. Vi laços delicados e amarelos em todas as portas dos consultórios médicos. Tudo em um "postinho" de Saúde da periferia e subsidiado pelo SUS - Sistema Público de Saúde. Fui atrás das informações, e descobri que quem cuida da região toda é a Instituição Filantrópica Santa Marcelina. São mais de 800 mil famílias dentro do programa de Saúde Mental do Santa Marcelina na zona leste de São Paulo.
Em síntese, um cartaz na parede chamou-me a atenção. Feito em letra de mão, cursiva, com cuidado. Trazia o mote do Setembro Amarelo: "Falar é a melhor solução". Contudo trazia uma frase entre aspas, um discurso de alguém, anônimo ali no cartaz, mas que parece ser de alguém que vive a depressão de perto, de dentro, de forma rotineira. Tirei uma foto do cartaz e ela diz tanto do que temos que nos atentar e cuidar:
O intuito é debatermos de forma sensível e ética, com a escuta em alerta, o tema e as reais causas da Depressão e do Suicídio no nosso cotidiano cheio de tabus, preconceitos, ignorâncias e desumanizações. Com isso ampliamos nossa percepção de mundo, nossa percepção sobre o Outro. Criando uma nova fenomenologia da percepção do mundo: uma percepção da escuta e do cuidado.
Para isso, os alunos estão já pesquisando e mandando os textos. Estão conversando com os familiares. Estão atentos e já mandando relatos.
O cuidado do professor: ser estudante.
Eu também, estou coletando dados e indo atrás de informações concretas. Por exemplo, ontem, dia 18 de Setembro fui até Postos de Saúde na Zona Leste de São Paulo para ver como tratam a questão da Depressão e do Suicídio. Já que é São Paulo uma cidade com índices alarmantes e ainda mais nas periferias.
O que vi foi de um cuidado avassalador. Vi cartazes sobre o "Setembro Amarelo", vi e li cartazes explicando o que os sintomas da depressão. Vi laços delicados e amarelos em todas as portas dos consultórios médicos. Tudo em um "postinho" de Saúde da periferia e subsidiado pelo SUS - Sistema Público de Saúde. Fui atrás das informações, e descobri que quem cuida da região toda é a Instituição Filantrópica Santa Marcelina. São mais de 800 mil famílias dentro do programa de Saúde Mental do Santa Marcelina na zona leste de São Paulo.
Em síntese, um cartaz na parede chamou-me a atenção. Feito em letra de mão, cursiva, com cuidado. Trazia o mote do Setembro Amarelo: "Falar é a melhor solução". Contudo trazia uma frase entre aspas, um discurso de alguém, anônimo ali no cartaz, mas que parece ser de alguém que vive a depressão de perto, de dentro, de forma rotineira. Tirei uma foto do cartaz e ela diz tanto do que temos que nos atentar e cuidar:

"Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida" é a frase mais verdadeira sobre o suicídio. Pois mostra que a dor e o sofrimento não são fraquezas, mas coisas inevitáveis. Atentar-se a isso, faz da gente potencializadores de cuidados, principalmente, quando escutamos os outros.
Os meus alunos, são meus mestres.
Uma aluna ontem me mandou um texto, que ela escreveu com a mãe para as aulas desta semana. Ambas sofrem de depressão - mãe e filha. O texto é de uma sensibilidade obtusa, de um chamado humanitário avassalador. Vai na íntegra abaixo, o texto que lerei em sala de aula, sem citar os nomes:
"A vida através da
depressão
Atualmente no Brasil, cerca de
18,5 milhões de pessoas encontram-se em um quadro de ansiedade e depressão,
correspondendo a 5,8% da população nacional. Tal número é alarmante tendo em
conta que esta é a segunda causa que mais mata no país – 1,5% dos suicídios são
causados pela depressão. Segundo a OMS, o Brasil ocupa o primeiro lugar com o
maior número de depressivos na América Latina. E no mundo, aproximadamente 880
mil pessoas comentem suicídio por ano, gerando a doença que mais promove
incapacidade.
A depressão é diferente do
sentimento de tristeza normal causado pelos altos e baixos da vida, assim como
se diferente de zangas e mágoas. Esta doença é causada por um sentimento
constante de instabilidade emocional, tal como desamparo, desesperança e
inutilidade. Deste modo, esse sentimento faz com que os indivíduos acometidos
pela depressão se sintam imponentes e culpados também por senti-los.
O indivíduo acometido pela
depressão torna-se impossibilitado de exercer seu trabalho, atividades diárias,
lazer, comer e até mesmo dormir. Além de sintomas como dor de cabeça intensa,
irritação, gastrite ou em alguns casos, até mesmo alta sonolência; somados a
estes, pensamentos negativos, perda da vontade de viver, ausência de
concentração, perda ou ganho de peso, entre outros sintomas. Tais sentimentos
são causados por inúmeros motivos como preocupações, perdas individuais ou de
entes queridos, discussões, trabalho e/ou estudos intensos, e outros diversos
motivos que podem gerar um quadro muita das vezes, psicossomático.
Contudo, atualmente há estudos
que comprovam a existência de uma razão bioquímica a qual permitem que a
depressão se manifeste. Existe um aminoácido necessário para evitar esta
doença, chamado triptofano, que pode
ser adquirido no consumo de leite, queijo, ovos, soja grãos, legume. Os
aminoácidos participam de atividades metabólicas importantes para o organismo,
mas que se sofrerem influência externa como drogas, medicamentos, álcool ou
alimentos gordurosos, podem afetar células do sistema nervoso e as
neurotransmissoras. A presença do
triptofano reduz as dores, controla a ansiedade e atua como um antidepressivo
natural, pois a mesma compõe a molécula de serotonina que se liga à sua
proteína captadora e às moléculas de adrenalina livres, assim, controlando as
sinapses e impedindo o excesso de adrenalina, responsável por causar a
depressão. A ausência de triptofano produz pouca concentração de serotonina,
consequentemente não capta suas proteínas, tampouco a adrenalina causando seu
acumulo e induzindo à doença.
Portanto a depressão é muito mais
do que uma simples tristeza ou desanimo do dia a dia... É uma doença social que
deve ser tratada como política pública, e que pode ser evitada ao notar que não
se trata de uma “fraqueza”, mas sim de uma causa de suicídio que cresce cada
dia mais no país.
Relato:
“Há 6 anos senti o primeiro sintoma
psicossomático, uma dor crônica no quadril direito de alta intensidade. Neste
momento segui para um ortopedista que me encaminhou para o neurologista, que
por sua vez solicitou diversos exames – incluindo um PET SCAN, exame o qual revela
qualquer tipo de anomalia no organismo. Para minha surpresa, os resultados
foram normais, sem qualquer presença de infecções, tumores ou possíveis adversidades.
Com base nisto, fui aconselhada a consultar um psiquiatra – o qual frequento
até os dias de hoje. Desde então passei por uma montanha russa de sentimentos,
tristezas e alegrias, principalmente após a perda da minha mãe no ano de 2015.
Outrora cheguei a tomar oito comprimidos por dia – sendo cinco antidepressivos
e três indutores de sono, além de remédios para auxiliar na redução da dor
psicossomática no quadril, a qual varia sua intensidade de acordo com o meu
estado emocional naquele momento – considerando que sentimentos extremos como,
tristeza ou alegria exacerbada aumentam a intensidade da dor.
Descobri com a depressão um mundo
obscuro e sozinho, onde tudo tem seu lado negativo e de grande luta. Esta
doença não provoca na sociedade uma comoção, mas sim um preconceito e exclusão
daquele que pede socorro. Notei que ao comentar do quadro o qual me encontrava,
muitas pessoas diziam que era bobagem ou fraqueza, que eu deveria lutar mais e
não deixar qualquer coisa me abater... Enquanto em outros momentos (quase
diários) tive que camuflar meu estado emocional e criar uma barreira para
pessoas que iriam apenas retirar mais a minha energia ou que apenas não
admitiriam ver que a pessoa que estava sempre com um sorriso no rosto, na
verdade, sofre de uma depressão e ansiedade intensa e já teve pensamentos
ruins.
Atualmente, após centenas de
consultas e terapias, tomo apenas dois antidepressivos e dois indutores do
sono, porém ainda sofro com dores. Contudo neste tempo de tratamento contatei a
importância dos medicamentos para a minha melhora de pelo menos 70%, somado a
este a presença da minha família e amigos mais próximos que seguraram as minhas
mãos nesta caminhada, apoiando-me em todos os meus passos em busca da uma vida
livre de tristeza e dores, foi essencial para que eu chegasse até aqui. Por
outro lado, me entristece saber que inúmeros jovens e adultos acometidos desta
doença não tem uma estrutura familiar rígida em que possa contar seus
sentimentos, ou se tem, não possui oportunidade de expor o que sente, causando
assim os constantes casos de suicídios no mundo.
Por fim, vejo-me na obrigação de
dizer “Pais, familiares, amigos, professores... prestem atenção nos jovens ao
seu redor, qualquer mudança de habito, por mínima que seja, procurem ajuda de
um profissional, não ignorem o fato de que a depressão e ansiedade são as
doenças do século e que matam mais do que homicídios no Brasil. Não espere o
mês de setembro “amarelo” para notar algo de estranho em seu filho, e nem se dê
ao luxo de pensar que a pessoa que está ao seu lado vive em um mar de rosas. A
depressão é uma doença séria e deve ser tratada! "
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