A tentativa inóspita de reescrever a História
A tentativa inóspita de reescrever a História não é exclusiva de Netanyahu, atual primeiro-ministro de Israel, mas de uma sociedade que teme transformações éticas e se ressente por perder a vergonha.
Ao ler a manchete da BBC:
"Alemanha responde a Netanyahu: Nós somos os responsáveis pelo Holocausto",
Logo nota-se a resposta dura e certeira da Alemanha, de hoje (22). É uma bela atitude, mais um 7x1. É mais uma goleada da nação bávara, que faz gols sem dó no primeiro-ministro de Israel, que assustou o mundo ontem (dia 21) com uma declaração ofensiva às nossas inteligências, na qual disse que um líder palestino se reuniu, em dezembro de 1941, com Hitler para pedir o extermínio dos judeus. O que é ridículo, pois o Holocausto já estava em curso naquela época.
A Alemanha assume seus erros e goleia, atitude nobre, pois tem vergonha de sua História. Nobre o país que olha pra trás e vê que o presente e o futuro merecem mais do que um sentimento inóspito de vergonha. Nobre seria o Brasil se revesse suas atitudes, o mais rápido possível, quanto aos negros e às mulheres (só para ficarmos em dois temas necessários e vergonhosos). Mais nobre seria enfrentarmos a Grande Mídia que insiste tratar com "polidez" um sujeito como Eduardo Cunha (nunca vi um ladrão ser tão bem tratado pela mídia "militaresca" e sanguinária, encarnada em Rachel Sheherazade e em Datena!!!), pois este enfrentamento se faz necessário para nossas pretensões futuras: de não nos envergonhamos do que fizemos, e pior, de não nos envergonharmos do quanto nos omitimos, como "alCunhas".
Há duas formas de mudar a História: uma, é contando mentiras mil vezes até tornarem-se uma verdade; e a outra, é assumindo os erros que nos envergonharíamos no Futuro.
A Alemanha escolheu o segundo caminho e continua goleando. Agora, Netanyahu, Cunha e a Grande Mídia brasileira insistem em não ter vergonha. Péssimos exemplos.
Saramago tem uma sentença maravilhosa, pois nela carrega um princípio ético valoroso dentro, que cabe muito neste momento e como dica:
"Tentei não fazer nada na vida que envergonhasse a criança que fui."
É como se Saramago estivesse nos dizendo: se alguma coisa envergonha a "tua criança", é hora de rever teus valores, pois teu espírito pode ter se perdido de vez em arrogância e mentiras, ou quase. Mas acredito que ainda há tempo para ti e à História.
É como se dissesse: um passo "atrás" e você não está mais no mesmo lugar.
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