Proposta ENEM - Direito à Cidade



PROPOSTA DE REDAÇÃO ENEM

            Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema MOBILIDADE URBANA: QUALIDADE DE VIDA E O DIREITO À CIDADE, apresentando proposta de conscientização social e intervenção estatal que respeitem os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Mobilize-se pelo direito à cidade
Mobilidade é o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo. A opção pelo automóvel - que parecia ser a resposta eficiente do século 20 à necessidade de circulação - levou à paralisia do trânsito, com desperdício de tempo e combustível, além dos problemas ambientais de poluição atmosférica e de ocupação do espaço público. No Brasil, a frota de automóveis e motocicletas teve crescimento de até 400% nos últimos dez anos.

Trânsito de SP já causa perdas de R$ 50 bi por ano

Entra no cálculo o custo do tempo perdido nos congestionamentos, em horas de trabalho ou de lazer. Ainda são incluídos perdas com combustíveis no congestionamento, gastos com saúde por causa da poluição e até as horas perdidas pelos indivíduos. Mas desse total 75% correspondem a riquezas que deixam de ser produzidas enquanto a fila não anda. Em 2008, iam para o ralo, segundo o cálculo, R$ 33 bilhões - ante R$ 14 bilhões em 2004. É o que se convencionou chamar de Custo São Paulo. Segundo Cintra, os fatores mais preponderantes para o aumento desse custo nos últimos quatro anos são o aumento da frota e a queda na velocidade média. São Paulo combina uma frota de mais de 7 milhões de veículos e um serviço deficiente de transporte público.

[Estudo da FGV aponta que os prejuízos com congestionamentos têm praticamente dobrado a cada 4 anos na capital paulista/26 de novembro de 2012 | 2h 04. Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo]

Debate na USP sobre mobilidade urbana.
Sob o mote de “Tarifa Zero: Uma Realidade Possível” os debatedores foram unânimes em afirmar que a revindicação vai além de uma demanda específica e que é preciso incluir a mobilidade como um direito constitucional. O desafio para essa mudança, expuseram, passa por uma disputa político-ideológica. Para eles, a reivindicação põe diversos paradigmas do sistema vigente como o direito à cidade, a não-mercatilização da vida, e a liberdade em debate.


O inferno urbano

Quais os traços mais marcantes da cidade de São Paulo nos últimos anos e que, sob certos aspectos, podem ser generalizados para as demais? Resumidamente, podemos dizer que são os seguintes:

- explosão do uso do automóvel individual: a mobilidade urbana se tornou quase impossível, ao mesmo tempo em que a cidade se estrutura com um sistema viário destinado aos carros individuais em detrimento do transporte coletivo, mas nem mesmo esse sistema é capaz de resolver o problema;

- explosão imobiliária com os grandes condomínios (verticais e horizontais) e shopping centers, que produzem uma densidade demográfica praticamente incontrolável além de não contar com uma rede de água, eletricidade e esgoto, os problemas sendo evidentes, por exemplo, na ocasião de chuvas;

- aumento da exclusão social e da desigualdade com a expulsão dos moradores das regiões favorecidas pelas grandes especulações imobiliárias e o consequente aumento das periferias carentes e de sua crescente distância com relação aos locais de trabalho, educação e serviços de saúde. (No caso de São Paulo, como aponta Hermínia Maricatto, deu-se a ocupação das regiões de mananciais, pondo em risco a saúde de toda a população); em resumo: degradação da vida cotidiana das camadas mais pobres da cidade;

- o transporte coletivo indecente, indigno e mortífero. No caso de São Paulo, sabe-se que o programa do metrô previa a entrega de 450 km de vias até 1990; de fato, até 2013, o governo estadual apresenta 90 km. Além disso, a frota de trens metroviários não foi ampliada, está envelhecida e mal conservada; além da insuficiência quantitativa para atender a demanda, há atrasos constantes por quebra de trens e dos instrumentos de controle das operações. O mesmo pode ser dito dos trens da CPTU, que também são de responsabilidade do governo estadual. No caso do transporte por ônibus, sob responsabilidade municipal, um cartel domina completamente o setor sem prestar contas a ninguém: os ônibus são feitos com carrocerias destinadas a caminhões, portanto, feitos para transportar coisas e não pessoas; as frotas estão envelhecidas e quantitativamente defasadas com relação às necessidades da população, sobretudo as das periferias da cidade; as linhas são extremamente longas porque isso as torna mais lucrativas, de maneira que os passageiros são obrigados a trajetos absurdos, gastando horas para ir ao trabalho, às escolas, aos serviços de saúde e voltar para casa; não há linhas conectando pontos do centro da cidade nem linhas inter-bairros, de maneira que o uso do automóvel individual se torna quase inevitável para trajetos menores;

Em resumo: definidas e orientadas pelos imperativos dos interesses privados, as montadoras de veículos, empreiteiras da construção civil e empresas de transporte coletivo dominam a cidade sem assumir qualquer responsabilidade pública, impondo o que chamo de inferno urbano.

[Marilena Chauí, professora da USP]


 INSTRUÇÕES:
O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
O texto definitivo deve ser escrito a tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
A redação com até 7 (sete) linhas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
A redação que fizer impropérios ou brincadeiras que caracterizem negligencia com a prova receberá nota zero.

A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

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