Redação que tirou NOTA MÁXIMA na VUNESP - 2018.



Redação que tirou NOTA MÁXIMA na VUNESP - 2018.
28 pontos de 28 pontos possíveis.

TEMA: “O voto deveria ser facultativo no Brasil”?


"Autoritarismo e falsa democracia.

Recentemente, na eleição para prefeito da cidade de São Paulo, o número de votos em branco foi superior ao número de votos efetivos. O voto em branco tornou-se um protesto muito comum, atualmente, contra o sistema político e a falta de representatividade. Essa forma de protestos, por sua vez, suscitou debates acerca da obrigatoriedade dos votos e de como ela interfere na democracia. Apesar de muitos fatores indicarem que o voto facultativo seria democraticamente mais correto, o Brasil ainda mantém sua obrigatoriedade, evidenciando um Estado autoritário e uma democracia fajuta.

A República Democrática brasileira nasceu de um molde autoritário e alienador, herança que é presente até hoje, na sociedade. A prática do voto de cabresto não permitiu que a classe eleitora formasse uma consciência eleitoral, pois não se enxergava claramente as implicações de um voto, além de não lhe ser dado o poder de escolha, devido ao voto a descoberto. Muito tempo se passou, mas embora os mecanismos tenham mudado substancialmente, nenhum projeto de educação foi criado para esclarecer aos leitores acerca da importância da participação democrática, sendo ainda muito comum a ideia de que um voto não possui valor algum. Dessa forma origina-se a prática de compra e venda de votos, muito recorrente no Brasil, e um dos motivos alegados para a manutenção do voto compulsório. No entanto, o autoritarismo manifestado no voto obrigatório remete à estrutura anti-democrática da recém-criada república, pois é apenas uma maneira de se manter a população sob controle, e não uma medida eficiente para solucionar os problemas eleitorais brasileiros.

Além disso, o Brasil vive uma crise de representatividade. A ausência de confiança na classe política e a descrença nos processos democráticos derivados, entre outros, da corrupção generalizada e da falta de seriedade nos processos democráticos, como o impeachment, são causa do alto índice de votos brancos e nulos. Esses votos são o protesto de quem não desejava votar, mas foi obrigado. No entanto, eles são prejudiciais à democracia pois permitem que candidatos se elejam sem o número mínimo de votos exigidos, o que claramente não é solução para a crise de representatividade. Portanto, o voto obrigatório é uma violação democrática, pois retira do povo o pleno poder de escolha – inclusive de não votar.

Em suma, o Brasil hesita em entregar definitivamente o poder ao povo, devido ao ser caráter autoritário e à democracia inconsistente. No entanto, a decisão de votar é o primeiro passo rumo ao voto consciente e à compreensão da importância do processo eleitoral. Estes, por sua vez, quando respeitados, poderão nos levar à uma plena democracia."


Redação excelente de Tamara Yamamoto.


Em nossa avaliação a Redação é muito acima da média, porém não daríamos a NOTA MÁXIMA cheia, pois há pequenos detalhes que poderiam melhorar o texto, por exemplo, como no uso da conjunção "No entanto". Corretamente usada três vezes, contudo poderia mostrar variação na partícula adversativa para garantir e passar segurança de vocabulário mais amplo, preciso e articulado.


A redação é realmente muito boa. Além de responder a pergunta-tema com precisão e dado exemplos históricos (formação da República) e atuais (índices de votos nas eleições de São Paulo). Dados, estes, que não estavam na coletânea da prova. A vestibulanda demostrou senso crítico e leitura de mundo.


No nosso sistema de notas:


Notas

- 4,0 de Tema e Conteúdo - de 4,0 pontos possíveis.
- 3,0 de Estrutura, Unidade Textual, Clareza e Coesção - de 3,0 pontos possíveis.
- 2,5 de Linguagem escrita - de 3,0 pontos possíveis.

NOTA FINAL: 9,5


Recado de Tamara Yamamoto para o Redação e Dialogia:



 Tamara Yamamoto, Medicina Santa Casa. 


"A redação sempre foi a parte do vestibular que mais me aterrorizava. Eu, fã das exatas, me sentia perdida sem poder usar uma fórmula pronta e sem ter o apoio de alternativas para escolher. A redação, ao meu ver, é a parte mais “humana” do vestibular, esse processo seletivo tão mecanizado. Por isso, o melhor treinamento é aprimorar nosso senso crítico, ampliar nossos horizontes. A preparação para encarar a redação é, antes de tudo, um aprimoramento do nosso lado mais humano. E nisso, o “Redação e Dialogia” foi fundamental, pois ampliei meu repertório, aprendi a perceber o mundo ao meu redor de maneiras diferentes, a compreender melhor os processos que mantém a sociedade e que estão por trás de praticamente todos os temas cobrados. 

Conheci o blog (do Redação e Dialogia) em 2015, no meu primeiro ano de cursinho, e, desde então, antes de fazer qualquer redação, ao pensar sobre o assunto, eu lia muitas postagens que tangiam o tema, e, assim, fui me sentindo cada vez mais segura para escrever sobre assuntos variados, até que a prova deixou de ser um grande mostro e passou a ser apenas um desafio: colocar no papel, em pouco tempo, todas as ideias que eu já tinha assimilado com todas as leituras. Não posso deixar de mencionar a importância da participação do professor Fabrício, que me ajudou muito a inserir literatura, música e arte nas minhas redações, o que é muito valorizado nos vestibulares, e era outro item que eu tinha muita dificuldade. Já disse para o professor e repito: as aulas de redação ultrapassam o objetivo das provas e nos tornam seres humanos melhores, e eu sempre levarei comigo tudo o que aprendi durante esses três anos em que me preparei para o vestibular."

Tamara Yamamoto, aprovada em Medicina na Santa Casa, PUC- Sorocaba e Medicina Jundiaí. 


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