Exemplo de que a Luta de Classes não morreu: O Jornal O Estado de S.Paulo faz uso da força do Discurso.



Para o Estadão – que armazenou armas em sua sede para derrubar Getúlio Vargas e redigiu o primeiro manifesto dos generais golpistas de 1964 –, o MTST é “truculento”. Já está mais do que na hora de os que não concordam com seus sonhos revolucionários agirem com a mesma clareza e a mesma dureza que ele. Apenas aplicando a lei”, diz seu editorial. Haja ranço autoritário
Por Altamiro Borges, em seu blogue
Na quinta-feira passada (25), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) mobilizou 12 mil pessoas na “Marcha pela Água”, que percorreu vários quilômetros do Largo da Batata até o Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista. O protesto teve o apoio da CUT, CTB, MST, UNE e de militantes do PT, PCdoB e PSOL. Foi um ato pacífico e irreverente, com direito a uma banheira para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), principal culpado pela falta de água que prejudica 6,5 milhões de moradores da Grande São Paulo. Mas a marcha não agradou a mídia tucana, que deu pouco destaque na sua cobertura “jornalística”. O veículo mais irritado, porém, foi o oligárquico Estadão.
Em editorial publicado no sábado (28), o jornalão voltou a explicitar seu pavor diante do povo nas ruas na luta por seus direitos. Desde a Copa do Mundo, em junho do ano passado, o Estadão não esconde seu medo frente à capacidade de mobilização do MTST – que virou o alvo principal do seu ódio. No editorial intitulado “O MTST ataca de novo”, o diário da decadente famiglia Mesquita atacou de novo. Para o jornal, o movimento dos sem-teto devia ser tratado na base da repressão pura e simples, sem dó nem piedade. Daí a sua indignação colérica:
“Muito bem tratado pelas autoridades e por líderes políticos das mais variadas tendências, apesar de atropelar a lei com frequência – uns por simpatia ou conivência, outros por temerem suas bravatas –, não surpreende que o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e seu líder Guilherme Boulos continuem de vento em popa e, cada vez mais, diversificando as suas atividades. Tratam de questões que vão muito além da moradia. Atiram para todos os lados. Com seu conhecido oportunismo e inegável faro para problemas que podem mantê-los em evidência, na quinta-feira o seu alvo foi a falta d’água”, esbraveja o editorial.
O Estadão chega ao cúmulo de criticar o governo tucano – seu fiel aliado e generoso anunciante – por ter recebido os líderes da marcha. “O MTST teve êxito em sua demonstração de força, pois uma comissão de manifestantes foi recebida por representantes do governo do Estado, aos quais apresentaram várias reivindicações… Boulos, como sempre, foi agressivo”. Para o jornal oligárquico, que no seu nascimento já pregava repressão contra as greves lideradas pelos anarquistas e comunistas, o MTST não respeita “as regras do jogo democrático, que exigem, antes de mais nada, o respeito à ordem legal e excluem, portanto, toda tentativa de impor sua vontade pela força, de ganhar o jogo ‘no grito’”.
Para o truculento Estadão – que armazenou armas em sua sede para derrubar Getúlio Vargas e redigiu o primeiro manifesto dos generais golpistas de 1964 –, o MTST é “truculento”, “como provam suas repetidas invasões de áreas privadas e públicas, para que sejam construídas moradias populares”. O jornalão exige dura repressão ao movimento e critica as autoridades, principalmente “a inacreditável boa vontade sempre demonstrada por Fernando Haddad”, que estimula “as invasões feitas pela tropa de Boulos”. O editorial conclui com um apelo fascistóide: “Já está mais do que na hora de os que não concordam com seus sonhos revolucionários agirem com a mesma clareza e a mesma dureza que ele. Apenas aplicando a lei”. Haja ranço autoritário e arrogância de um jornal falido e decadente!

O EDITORIAL

O MTST ataca de novo
O Estado de S.Paulo
28 Fevereiro 2015 | 02h 04
Muito bem tratado pelas autoridades e por líderes políticos das mais variadas tendências, apesar de atropelar a lei com frequência – uns por simpatia ou conivência, outros por temerem suas bravatas -, não surpreende que o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e seu líder Guilherme Boulos continuem de vento em popa e, cada vez mais, diversificando suas atividades. Tratam de questões que vão muito além da moradia. Atiram para todos os lados. Com seu conhecido oportunismo e inegável faro para problemas que podem mantê-los em evidência, na quinta-feira o seu alvo foi a falta d’água.
Com uma manifestação que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar (PM), o MTST deu nova demonstração de força. O ato começou no Largo da Batata, na zona oeste, de onde os manifestantes seguiram para o Palácio dos Bandeirantes – onde chegaram às 20h30 -, passando pela Avenida Faria Lima. Não houve excessos por parte deles, acompanhados ao longo de todo o trajeto por policiais militares. Mas sobrou coreografia, com um boneco representando o governador Geraldo Alckmin e um caminhão-pipa com 5 mil litros de água, escoltado por militantes com armas feitas de canos para simular roubo de água.
O MTST contou com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, e de partidos como o PC do B e o PSOL. Teve êxito em sua demonstração de força, pois uma comissão de manifestantes foi recebida por representantes do governo do Estado, aos quais apresentaram várias reivindicações, entre elas a distribuição de caixas d’água para famílias carentes, compromisso de não reajustar a tarifa e divulgação de informações sobre a qualidade da água da Represa Billings, que o governo pretende aproveitar para suprir as deficiências atuais do Sistema Cantareira, muito prejudicado pela seca.
Boulos, como sempre, foi agressivo, dizendo que o governo tem de reconhecer que o racionamento já existe para os mais pobres, exigiu um plano emergencial para enfrentar a crise, fingindo desconhecer as medidas tomadas nesse sentido, e ameaçou, do alto de um carro de som, que, se houver aumento na conta de água, ele não será pago.
Nada mais natural que grupos que se sentem prejudicados se manifestem, protestem contra o que acham errado e apresentem suas demandas. Desde que aceitem as regras do jogo democrático, que exigem, antes de mais nada, o respeito à ordem legal e excluem, portanto, toda tentativa de impor sua vontade pela força, de ganhar o jogo “no grito”.
É essa truculência que o MTST tem exercido, como provam suas repetidas invasões de áreas privadas e públicas, para que nelas sejam construídas moradias populares, sob a alegação de que, se não forem assim coagidas, as autoridades não fazem o que devem. Até mesmo 16 áreas nas quais o atual governo municipal pretende construir parques foram invadidas, apesar da inacreditável boa vontade sempre demonstrada por Fernando Haddad em relação ao MTST, o que já levou o vereador Gilberto Natalini (PV) a acusá-lo de ser conivente com as invasões feitas pela tropa de Boulos.
Haddad poderia alegar que o exemplo vem de cima, pois a própria presidente Dilma Rousseff já se reuniu com Boulos, em meio às invasões, sem falar no ex-presidente Lula, que faz questão de demonstrar sua simpatia por um personagem cujo desprezo pela lei é notório. E poderia alegar também que até mesmo o governo de um adversário seu e de Boulos, como o de Geraldo Alckmin, fica cheio de dedos com ele.
Quanto ao fato de o MTST se envolver em assuntos que nada têm a ver com moradia, como a falta d’água, Boulos – honra lhe seja feita – joga claro. “O MTST não é um movimento de moradia”, disse numa entrevista ao Estado. “É um projeto de acumulação de forças para mudança social.” Já está mais do que na hora de os que não concordam com seus sonhos revolucionários agirem com a mesma clareza e a mesma dureza que ele. Apenas aplicando a lei.

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