TEMA NOVO FUVEST/VUNESP: Capitaloceno: o consumo sustentável é a saída para interromper o colapso global?





TEXTO 1.

'Vida sustentável é vaidade pessoal', diz Ailton Krenak

Mas é possível pensar em alguma forma de sustentabilidade nesse mundo?  

Nós somos uma população estimada em oito bilhões de pessoas. Para dar comida e acessar a todos esses bens que o mercado proporciona é impossível ter sustentabilidade. Para todo mundo consumir tudo, nós vamos devorar o planeta numa escala que já é medida. Um exemplo bem didático que costumam dar é de uma pessoa que trabalha e tem um salário. Se ele chegar no dia 19, 20 do mês, e tiver acabado o salário, significa que ele ficará 10, 11 dias, pendurado no armazém, na caderneta, ou no cartão, no banco. Se ele vai ficar 10 dias a cada mês devendo, quando chegar no final do ano, ele estará devendo uma boa do que ele consumiu. A conta dessa pessoa não fecha. Mas não estamos falando de um indivíduo, estamos falando de um planeta.

A conta do planeta não fecha e parece que no ano de 2019, no início de junho, já tínhamos entrado no vermelho. Esse “entrar no vermelho” é muito significativo porque estamos caminhando para um aquecimento global em que a temperatura do planeta pode aumentar de 1,5ºC a 2ºC por ano. Se o planeta chegar nessa temperatura, vamos derreter. A infraestrutura que existe nas cidades vai sofrer um colapso. Tem um livro chamado Terra Inabitável, que foi publicado também no Brasil ano passado, de David Wallace, que demonstra que todas as tentativas do mundo de regular o consumo, produção, distribuição de mercadoria é insustentável.

A terra inabitável é um anúncio de que se aumentamos 1,5 ºC, 2ºC por ano, bilhões de pessoas vão morrer no planeta. Não é só uma notícia ruim, mas é uma alerta de como nossa pegada no planeta está ficando pesada e essa observação sobre o Antropocenos e sobre a sustentabilidade são basicamente o eixo de Ideias Para Adiar o Fim do Mundo.

Não é só uma profecia, uma parábola sobre fim de mundo, é uma revelação sobre como nós estamos fazendo escolhas erradas. A maior parte da população do planeta e as cidades são grandes consumidoras de energia. Cidade não produz nada, consome. Você pode ver: se acabar a luz aqui à noite, numa chuva, tudo para, e a consequência é uma cadeia desastres por causa disso. Essa armadilha urbana, insustentável, é um emblema dessa desregulação que estamos vivendo na ecologia do planeta e na circulação das pessoas no mundo. 

Diante de tudo isso, você consegue ser sustentável? Alguém consegue?

Não. Quando eu fizer a minha conta, vou descobrir que deixei resíduos, lixo, que produzi coisas que não sou capaz de dar conta da sua destinação final. Se eu mexi com materiais que foram alterados e não tenho onde destinar ele depois, significa que eu estou criando resíduos, deixando lixo na terra, e estou desequilibrando minha passagem por aqui. O que contraria muito um princípio do pensamento indígena da ancestralidade. Eu fico feliz de a juventude indígena estar cada vez mais consciente sobre isso e entender a ancestralidade. Ser fiel a essa herança, a essa ancestralidade, significa buscar reconciliar modos de vida que estamos experimentando com ideia de que a nossa vida deveria imprimir menos marcas por onde passamos. Um voo de um pássaro no céu, um instante depois que ele passou, não tem rastro nenhum.

Nós deixamos rastro demais e toda cultura que deixa rastros é insustentável.  Vamos imaginar que quando nosso povo vivia no litoral, na mata atlântica, no cerrado, na floresta, em cada ciclo da natureza, comíamos frutos de cada estação, bebíamos agua pura onde existia, não produzindo lixo, isso era sustentável. Quando você sai desse ambiente e começa a experimentar outro consumo, outra circulação, você já entrou no circuito dessa insustentabilidade.

Mas é possível pensar em alguma forma de sustentabilidade nesse mundo?  

Nós somos uma população estimada em oito bilhões de pessoas. Para dar comida e acessar a todos esses bens que o mercado proporciona é impossível ter sustentabilidade. Para todo mundo consumir tudo, nós vamos devorar o planeta numa escala que já é medida. Um exemplo bem didático que costumam dar é de uma pessoa que trabalha e tem um salário. Se ele chegar no dia 19, 20 do mês, e tiver acabado o salário, significa que ele ficará 10, 11 dias, pendurado no armazém, na caderneta, ou no cartão, no banco. Se ele vai ficar 10 dias a cada mês devendo, quando chegar no final do ano, ele estará devendo uma boa do que ele consumiu. A conta dessa pessoa não fecha. Mas não estamos falando de um indivíduo, estamos falando de um planeta.

A conta do planeta não fecha e parece que no ano de 2019, no início de junho, já tínhamos entrado no vermelho. Esse “entrar no vermelho” é muito significativo porque estamos caminhando para um aquecimento global em que a temperatura do planeta pode aumentar de 1,5ºC a 2ºC por ano. Se o planeta chegar nessa temperatura, vamos derreter. A infraestrutura que existe nas cidades vai sofrer um colapso. Tem um livro chamado Terra Inabitável, que foi publicado também no Brasil ano passado, de David Wallace, que demonstra que todas as tentativas do mundo de regular o consumo, produção, distribuição de mercadoria é insustentável.

A terra inabitável é um anúncio de que se aumentamos 1,5 ºC, 2ºC por ano, bilhões de pessoas vão morrer no planeta. Não é só uma notícia ruim, mas é uma alerta de como nossa pegada no planeta está ficando pesada e essa observação sobre o Antropocenos e sobre a sustentabilidade são basicamente o eixo de Ideias Para Adiar o Fim do Mundo.

Não é só uma profecia, uma parábola sobre fim de mundo, é uma revelação sobre como nós estamos fazendo escolhas erradas. A maior parte da população do planeta e as cidades são grandes consumidoras de energia. Cidade não produz nada, consome. Você pode ver: se acabar a luz aqui à noite, numa chuva, tudo para, e a consequência é uma cadeia desastres por causa disso. Essa armadilha urbana, insustentável, é um emblema dessa desregulação que estamos vivendo na ecologia do planeta e na circulação das pessoas no mundo. 

Diante de tudo isso, você consegue ser sustentável? Alguém consegue?

Não. Quando eu fizer a minha conta, vou descobrir que deixei resíduos, lixo, que produzi coisas que não sou capaz de dar conta da sua destinação final. Se eu mexi com materiais que foram alterados e não tenho onde destinar ele depois, significa que eu estou criando resíduos, deixando lixo na terra, e estou desequilibrando minha passagem por aqui. O que contraria muito um princípio do pensamento indígena da ancestralidade. Eu fico feliz de a juventude indígena estar cada vez mais consciente sobre isso e entender a ancestralidade. Ser fiel a essa herança, a essa ancestralidade, significa buscar reconciliar modos de vida que estamos experimentando com ideia de que a nossa vida deveria imprimir menos marcas por onde passamos. Um voo de um pássaro no céu, um instante depois que ele passou, não tem rastro nenhum.

Nós deixamos rastro demais e toda cultura que deixa rastros é insustentável.  Vamos imaginar que quando nosso povo vivia no litoral, na mata atlântica, no cerrado, na floresta, em cada ciclo da natureza, comíamos frutos de cada estação, bebíamos agua pura onde existia, não produzindo lixo, isso era sustentável. Quando você sai desse ambiente e começa a experimentar outro consumo, outra circulação, você já entrou no circuito dessa insustentabilidade.

https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/vida-sustentavel-e-vaidade-pessoal-diz-ailton-krenak/



TEXTO 2. 

80% da água no Brasil é consumida pelas indústrias, mineração e pecuária e o consumo deve aumentar 24% até 2030.

A cada segundo são utilizados, em média, 2 milhões e 83 mil litros de água no Brasil (ou 2.083 metros cúbicos por segundo). Em 1931, eram utilizados apenas 131 mil litros por segundo – 6,3% do uso atual. O uso da água deverá crescer 24% até 2030, superando a marca de 2,5 milhões de litros por segundo. Estas informações constam do Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, elaborado pela ANA, e que traça um panorama das demandas pelos recursos hídricos em todos os municípios brasileiros, entre 1931 e 2030. 

https://www.ana.gov.br/noticias/estudo-da-ana-aponta-perspectiva-de-aumento-do-uso-de-agua-no-brasil-ate-2030

LINK DO ESTUDO:
http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/central-de-publicacoes/ana_manual_de_usos_consuntivos_da_agua_no_brasil.pdf


TEXTO 3.

CAPITALOCENO

A mudança climática não decorre da mera existência de bilhões de seres humanos que habitam o planeta, mas é causada pelos poucos que controlam os meios de produção e tomam as principais decisões sobre o uso da energia, afirma Andreas Malm. No que pode ser considerado mais Capitaloceno do que Antropoceno, um confronto direto com o capital proveniente dos combustíveis fósseis é indispensável para evitar eventos climáticos extremos, como os furacões que devastaram a Dominica*.

Somos informados que a mudança climática é criada por uma massa anônima de milhões e bilhões de seres humanos, quando, como recentemente argumentou o geógrafo norte-americano Matt Huber(link is external), na realidade, é um segmento muito limitado da espécie que controla os meios de produção e toma as decisões mais importantes sobre o uso da energia. Esse segmento opera com um objetivo em vista – expandir ainda mais as suas riquezas. O processo é conhecido como acúmulo de capital e segue de forma implacável, sem considerar o destino dos dominiquenses ou os alarmes cada vez mais desesperados da ciência do clima.

Para citar apenas um exemplo, em dezembro de 2017, o jornal The Guardian(link is external) noticiou que a produção de plástico nos Estados Unidos deverá aumentar em 40% na próxima década, uma vez que a ExxonMobil, a Shell e outras empresas de combustíveis fósseis têm usado a contínua expansão do gás de xisto para investir massivamente em novas fábricas de plástico. Elas prenderão a economia norte-americana e, por conseguinte, a economia global, ainda mais em sua dependência por produtos plásticos. Em algum momento, estes acabarão alcançando as praias de todo o mundo e, no que diz respeito aos combustíveis fósseis, seu calor encontrará novas ilhas para destruir. Da perspectiva do capital, esta é exatamente a coisa certa a se fazer: investir na produção e no consumo de combustíveis fósseis para gerar lucros. Esse é o processo que tem alimentado o aquecimento global desde o início.

A população da Dominica e seus muitos companheiros de infortúnio em todo o mundo, que devem se multiplicar a cada ano – a menos que comece agora mesmo um confronto direto com o capital proveniente dos combustíveis fósseis – nunca viveram no que se denomina Antropoceno, e suas ações não podem ser culpadas por causar danos ao planeta. Eles sofrem os golpes de uma era rotulada de forma mais apropriada como Capitaloceno. É uma forma de guerra estrutural e sistemática, mas nós podemos esperar que os eventos naturais súbitos de choque e temor se tornem mais frequentes nos próximos anos. Uma questão mais aberta é quando, ou se, uma reação começará. Culpar a espécie humana não fará isso acontecer.

[Andreas Malm]

(*) Dominica é um Estado insular situado no Caribe, na região das Pequenas Antilhas. Não confundir com a República Dominicana

https://pt.unesco.org/courier/2018-2/perspectiva-da-dominica-antropoceno-ou-capitaloceno




TEXTO 4.

Mudanças climáticas são maior risco global, diz Fórum Econômico Mundial

Relatório é publicado anualmente às vésperas do encontro anual de Davos; documento analisa tendências e riscos para formulação de políticas e estratégias para os próximos 12 meses e pela primeira vez todos os 5 grandes problemas são ambientais.

Por G1 - 16/01/2020

Fórum Econômico Mundial divulga relatório sobre riscos globais
Problemas relacionados às mudanças climáticas dominam as preocupações de especialistas do Fórum Econômico Mundial para a próxima década. O "Relatório de Riscos Globais 2020", publicado nesta quarta-feira (15), trouxe, pela primeira vez, a questão ambiental em todos os cinco pontos de atenção para governos e mercados.

Ao todo, para a compilação deste documento, foram ouvidos 750 especialistas e tomadores de decisão globais que chamaram a atenção para cinco riscos ambientais que podem transformar o mundo nos próximos dez anos.

É a primeira vez, em 15 edições do relatório, que todos os problemas apontados têm relação com as mudanças climáticas.

Os 5 maiores riscos globais são:
1. Eventos climáticos extremos, como enchentes e tempestades
2. Falhas nos combates às mudanças climáticas
3. Perda de biodiversidade e esgotamento de recursos
4. Desastres naturais, como terremotos e tsunamis
5. Desastres ambientais ​​causados pelo homem

https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/01/16/mudancas-climaticas-sao-maior-risco-global-diz-forum-economico-mundial.ghtml





Comentários

Entre em Contato pelo WhatsApp (11) 988706957

Nome

E-mail *

Mensagem *

MAIS VISITADAS