Humor: Tempos Incertos


O humor contagia. Legado propaga, conserva, concretiza. Ambos podem ser bons, a história traduz: Chaplin conseguiu extrair riso e reflexão, conseguiu rir do opressor e do oprimido, por isso, é lembrado até hoje. Danilo Gentili, Rafinha Bastos, conseguiram propagar risos, contudo, talvez serão "lembrados" por propagarem as mesmas piadas daqueles que foram esquecidos com o tempo.

Impor limites incomoda, tanto que, nos dias de hoje, é chamado de "politicamente correto". Infelizmente, em um mundo onde é necessário leis para educar as pessoas, é mais fácil criticar quem propõe reflexões do que pensar, refletir. Chaplin, um pensador contundente, conseguiu enxergar nas "minorias", nos trabalhadores urbanos que trabalhavam em condições precárias nas fábricas fordistas, o poder da reificação no trabalhador. Será que estava sendo politicamente correto? Por que é lembrado até hoje?

"Mulher feia deveria agradecer ao estuprador"; "Moradores de Higienópolis têm medo do metrô, dos vagões, pois se lembram de Auschwitz". Talvez os termos não são idênticos, mas o efeito das piadas de Rafinha e Gentili é o mesmo: concretizar a opressão. Para alguns, o riso propagado por essas piadas vale a pena, produz endorfina, o riso da felicidade e da longevidade. Na verdade, trata-se do riso da tragédia e do impedimento do esquecimento.

Não precisamos desse tipo de lembrança. A História, cumpre o seu papel ao analisar esses períodos, ao relatar e propor reflexões acerca das cicatrizes abertas. Quando a História não conseguir, sozinha, atingir esse efeito, basta assistir Tempos Modernos, rir, refletir, e desfrutar o legado.



Comentários

  1. Legado mágico. Chaplin e o riso ético, o que nos faz rir de nós mesmos. Rir sobre nosso próprio eixo - individual, histórico, social. E tudo aquilo que faz o giro, o riso, sobre os eixos na Física, e na astrofísica, já chamávamos de "Revolução". Rir é revolucionário. Assim é Chaplin, assim é Gil Vicente, assim é o riso em Rabelais, em Machado, e assim o é, escondido, em Dostoievski na obra "o Idiota." Descobrimos ao longo da história que aquilo que já foi "pecado" ( na Idade Média") sempre foi motor de revolução na História, De Sócrates a Chaplin. Um legado incomensurável. Rir move os eixos e seus limites.

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