TEMA de Redação: Quais as implicações do movimento feminista no século XXI?
PROPOSTA DE
REDAÇÃO
TEXTO 1
“O feminismo seria
a revolução social que quebra as correntes político-econômico-socio-culturais vigentes
em busca de ressignificar o sexo feminino de modo cru e nu, como ele é. Sendo
livre de culpa e vergonha e da incansável autodisciplina das mulheres.
Livrando-as do fingimento e da dissimulação, adulação e manipulação;
garantindo-lhes o controle e a empatia. Exigindo as virtudes da sexualidade
masculina de magnanimidade, generosidade e coragem”.
Definição baseada
nos escritos do livro 'a mulher eunuco' de Germaine Greer, da segunda onda feminista.
TEXTO 2
Celebrando 5000 anos de história da mulher na ciência
Merit Ptah viveu na época de 2700 a.C. e
morou no Egito durante a Era do Bronze. Acredita-se que ela tenha sido a primeira
médica na história apesar de seus escritos não serem estudados por anos. Ainda
no Egito Antigo, outras mulheres tiveram seu papel na ciência, como Peseshet (2100 a.C.), supervisora e
administradora de um grupo de mulheres médicas embora seu papel como médica
seja desconhecido. Cleópatra (a
não ser confundida com a famosa Rainha Egípcia do período Romano) foi conhecida
por seu trabalho como ginecologista e obstetra. Seus relatos sobre a saúde da
mulher foram utilizados por cerca de 1000 anos, demonstrando o papel
fundamental de seu trabalho para a medicina daqueles tempos.
Naquela época, as egípcias atuavam como
auxiliares dos médicos ou curandeiras uma vez que na cultura Egípcia de
milênios atrás, as mulheres possuíam uma liberdade muito maior comparada à
cultura Grega e Romana do mesmo período. A ligação entre a religião e a
medicina foi o que permitiu a expansão dos estudos e conhecimento das doenças,
sepsia e anatomia do corpo. Como a cultura egípcia permitia que suas mulheres
se especializassem em alguma área do conhecimento além do trabalho doméstico,
fica claro que as mulheres tiveram um papel fundamental para o desenvolvimento
e modernização da sociedade Egípcia.
TEXTO 3
O movimento
feminista moderno se iniciou na Revolução Francesa, junto com o iluminismo.
Durante essa época viveu Olympe de Gouges, uma mulher que lutou pelos direitos
de suas colegas de gênero, propondo a Declaração dos direitos da mulher e da
cidadã. Este documento foi lançado logo em seguida da Declaração dos direitos
do homem e do cidadão, o qual não abrangia as mulheres. A mandaram à guilhotina
por ter ido contra as ideias consideradas revolucionárias de pensadores da
época, como Robespierre e Marat. Mas antes de ser assassinada, ela teria
proferido as seguintes palavras: “A mulher tem o direito de subir ao cadafalso;
ela deve ter igualmente o direito de subir à tribuna”. Olympe morreu por
questionar a suposta superioridade masculina e por querer direitos básicos,
como o voto, o trabalho e o andar livre às ruas de sua cidade.
TEXTO 4
Depois do golpe militar
que proclamou a República, em 1889, a vida urbana se acelerou e as indústrias
se multiplicaram. Imigrantes trabalhavam mais de 12 horas diante de máquinas,
nas piores condições de salubridade. A melhor porta-voz de suas dificuldades
foi Patrícia Galvão, conhecida pelo pseudônimo Pagu.
As mudanças trazidas
pelo novo sistema político abriram caminho para a criação de organizações de
luta. O Partido Republicano Feminino (PRF) foi fundado em 23 de dezembro de
1910, tendo como sua primeira presidenta a feminista baiana Leolinda Daltro. A organização se propunha a
promover a cooperação feminina para o progresso do país, combater a exploração
relativa ao sexo e reivindicar o direito ao voto.
Em novembro de 1917, o PRF levou dezenas de
simpatizantes do sufrágio universal às ruas do centro de Salvador. Daltro lutou
para que um senador apresentasse o primeiro projeto de lei, em 1919, em favor
do sufrágio feminino. Em 1921, tal projeto passou pela primeira votação, mas
jamais foi realizada a segunda e necessária rodada de votação para converter o
projeto em lei.
Diversas foram ainda as tentativas sem êxito de emenda
à Constituição e alteração da legislação eleitoral para conferir direitos
políticos plenos às mulheres. Nessa época, ocorreram campanhas sistemáticas
contra as mulheres, estampadas nas páginas da imprensa e endossadas em diversos
espaços da vida social. Eram ridicularizadas e vistas como incapazes de ocupar
postos eletivos públicos – um movimento parecido com o que ainda se vê quando
as mulheres buscam ampliar sua participação nos espaços políticos.
TEXTO 5
“Em obras sobre o feminismo no
Brasil é muito comum não encontrarmos nada falando sobre o feminismo negro.
Isso é sintomático. Para quem é esse feminismo então? É necessário entender de
uma vez por todas que existem várias mulheres contidas nesse ser mulher e
romper com a tentação da universalidade, que só exclui”.
(Djamila Ribeiro, Quem tem medo do
feminismo negro?, 2018, p. 53)
TEXTO 6
“Mulher tem que
se dar o respeito” e “não sou preconceituoso, até tenho um amigo negro” estão entre as frases preconceituosas mais faladas
no Brasil, segundo pesquisa Ibope encomendada pela Skol, que buscou traçar um
retrato do preconceito no Brasil. A pesquisa focou-se em quatro tipos de
discriminação: racial,LGBT, de gênero e estética.
O vasto repertório
brasileiro de frases, comentários ou piadinhas discriminatórias com as mulheres
faz o machismo ser percebido por 99% dos entrevistados, além de
fazer dele o preconceito mais praticado, ainda que não seja notado ou admitido
por alguns (61%).
Os resultados do levantamento, realizado em todas as
regiões brasileiras entre 21 e 26 de setembro, apresentam uma distância
entre o que se fala e o que se faz. Só 17% dos 2002 entrevistados reconhecem
que são preconceituosos, mas 72% admitiram ter feito pelo menos um comentário
intolerante ou ofensivo.
TEXTO 7
Taxa de
feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo
Apenas na última semana, foram registrados pelo menos
cinco casos de mulheres assassinadas por seus companheiros ou
ex-companheiros só em São Paulo. Dado alarmante que reflete a realidade do
Brasil, país com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo.
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para
cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e
2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. As mulheres
negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de
54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas
vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os
que cometem os assassinatos.
Considerando os textos apresentados
e o contexto histórico da luta das mulheres escreva uma dissertação em prosa,
na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: Quais as implicações do
movimento feminista no século XXI?
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