FUVEST - TEMA DE REDAÇÃO: AS CAUSAS E EFEITOS DA DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL DO SÉCULO XXI.




TEXTO 1.

“Um problema crucial de nossa agenda republicana é a manutenção de uma vergonhosa desigualdade social, herdada do passado mas produzida e reproduzida no presente. Segundo relatório da Oxfam Brasil de 2018, se em 2016 ocupávamos a 10ª posição no ranking global da desigualdade de renda, em 2017 passamos para o 9º lugar, com o problema se aguçando em vez de melhorar.

O fenômeno da desigualdade é tão enraizado entre nós que se apresenta a partir de várias faces: a desigualdade econômica e de renda, a desigualdade de oportunidades, a desigualdade racial, a desigualdade regional, a desigualdade de gênero, a desigualdade de geração e a desigualdade social, presente nos diferentes acessos à saúde, à educação, à moradia, ao transporte e ao lazer.

A desigualdade social é especialmente aguda, e tende sempre a aumentar em países que oferecem poucas oportunidades de emprego, apresentam investimento discreto nas áreas sociais e não estimulam o consumo de bens culturais. Não por coincidência, a desigualdade afeta, vigorosamente, os países periféricos e de passado colonial, onde se percebe a preservação de um robusto gap social no padrão de vida dos habitantes.

(...) é bom lembrar, que o Brasil foi formado a partir da linguagem da escravidão, que é, por princípio, um sistema desigual no qual alguns poucos monopolizam renda e poder, enquanto a imensa maioria não tem direito à remuneração, à liberdade de ir e vir e à educação. A paisagem colonial foi tomada por grandes latifúndios monocultores, onde os senhores de terra tinham domínio absoluto e concentravam a renda. A corrupção e o enraizamento de práticas patrimonialistas também não auxiliaram a prover o país de uma realidade mais inclusiva. Ao contrário, notabilizaram-se por dispor interesses privados acima dos públicos, privando os setores mais vulneráveis de nossa sociedade de benefícios que o setor público deveria proporcionar com maior equanimidade.

Mão de obra escrava, divisão latifundiária da terra, corrupção e patrimonialismo, em grandes doses, explicam os motivos que fizeram do país uma realidade desigual.”

[Schwarcz, Lilia Moritz. Sobre o Autoritarismo brasileiro, capítulo: Desigualdade Social. São Paulo, Companhia das Letras, 2019]


Desigualdade social no Brasil aumenta pelo 17° trimestre seguido, diz FGV

É o maior período de alta ininterrupta na concentração de renda já contabilizado no país; desemprego é o principal motivo. Por da Redação - 16 agosto de 2019.

desigualdade social aumenta há mais de cinco anos no país, segundo dados do estudo “A Escalada da Desigualdade” da FGV, divulgado nesta sexta-feira, 16.

Segundo a entidade, o resultado de 17 trimestres consecutivos de aprofundamento do abismo de condições sócio-econômicas revela o período mais longo de alta na concentração de renda dos brasileiros já contabilizada. O levantamento foi elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua, do IBGE, e do índice Gini — indicador que mede a diferença de renda.

De acordo com estudo, na comparação mensal do índice Gini (sempre com relação ao mesmo
período do ano anterior), a desigualdade social tem alta ininterrupta desde o segundo trimestre de 2015. “Nem mesmo em 1989, que constituiu o nosso pico histórico de desigualdade brasileira houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, diz o estudo. O índice Gini saiu do nível 0,6003 no último trimestre de 2014, data em que a concentração de renda alcançou seu mínimo histórico no país, para 0,6291 no segundo trimestre de 2019. Quanto mais perto de 1 maior a desigualdade.



TEXT 3.

O que recomenda a Oxfam:

• Estabelecer metas e planos de ação concretos e com prazos definidos para reduzir a desigualdade. Os governos devem trabalhar no sentido de que a renda coletiva dos 10% mais ricos não seja mais alta que a dos 40% mais pobres. Os governos devem acordar que usarão essa medida como o indicador atualizado do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 10, de redução da desigualdade.

• Por fim à riqueza extrema. Para acabar com a pobreza extrema, precisamos também acabar com a riqueza extrema. A era dourada dos dias atuais está minando o nosso futuro. Os governos devem usar a regulação e a tributação no sentido de reduzir radicalmente os níveis atuais de riqueza extrema e limitar a influência de indivíduos e grupos ricos na formulação de políticas.

• Trabalhar em conjunto para promover uma revolução nos dados sobre desigualdade. Todos os países devem se empenhar em produzir, anualmente, dados sobre a riqueza e a renda de todas as pessoas da sociedade, em especial dos 10% e do 1% mais ricos. Além de financiar mais pesquisas domiciliares, outras fontes de dados devem ser publicadas para lançar luz sobre o tema da renda e da concentração de riqueza no topo.

• Implementar políticas concebidas para combater todas as formas de discriminação 
de gênero, promover normas sociais e atitudes positivas em relação às mulheres e ao seu trabalho e reequilibrar a dinâmica de poder nos níveis domiciliar, local, nacional e internacional.

•Reconhecer e proteger os direitos dos cidadãos e de suas organizações à liberdade de expressão e de associação. Reverter todas as leis e ações que tenham fechado espaço para os cidadãos. Apoiar especificamente organizações que defendem os direitos das mulheres e de outros grupos excluídos.





TEXTO 4.

Super-ricos no Brasil lideram concentração de renda global. 

Entre os países democráticos, nenhum outro tem maior acúmulo de rendimentos no 1% do topo; na crise, miséria voltou a subir, mas houve forte queda nos anos 2000. 

Na média geral, a queda de rendimentos desde o fim de 2014 é de 2,6%; e o país segue no negativo mesmo após a lenta recuperação do último biênio.

"Foi um tombo que levou a economia a perder ainda mais a sua força, pois são os mais pobres que consomem grande parte de sua renda", diz Marcelo Neri, diretor do FGV Social, que analisa esses dados.

Mas a crise acentuada nos estratos mais pobres, e em regiões como Norte e Nordeste, não levou só à queda dos rendimentos e à redução do crescimento econômico.

Ela provocou também um aumento da desigualdade de renda por mais de quatro anos consecutivos (17 trimestres). Foi algo que não ocorreu nem no período anterior a 1989, ano de desigualdade recorde.

Moradores caminham por passarela em frente à favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro

Dados do FGV Social dão a dimensão da piora na concentração: do fim de 2014 a junho deste ano, a renda per capita do trabalho dos 10% mais ricos subiu 2,5% acima da inflação; e a do 1% mais rico, 10,1%.

Já o rendimento dos 50% mais pobres despencou 17,1%; e dos 40% "do meio" (a classe média entre os mais ricos e os mais pobres), caiu 4,2%.

Isso levou o índice de Gini a 0,629, muito próximo ao recorde da série desde 2012 (medido de 0 a 1, quanto mais perto de 1, pior a desigualdade).

Segundo o Relatório da Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris, o Brasil é hoje o país democrático que mais concentra renda no 1% do topo da pirâmide.

Só o Qatar, emirado árabe absolutista de 2,6 milhões de habitantes e governado pela mesma dinastia desde meados do século 19, supera, por pouco, o Brasil.

A partir de dados que combinam pesquisas domiciliares, contas nacionais e declarações de imposto de renda, o relatório mostra que esse 1% super-rico (cerca de 1,4 milhão de adultos) captura 28,3% dos rendimentos brutos totais e recebe individualmente, em média, R$ 140 mil por mês pelo conjunto de todas as suas rendas.

Como comparação, os 50% mais pobres (71,2 milhões com renda média de R$ 1.200) ficam com 13,9% do conjunto de todos os rendimentos, menos da metade do que é recebido pelo 1% no topo.

Mesmo considerando os 10% mais ricos, o Brasil empata com a Índia e só perde para a África do Sul no ranking dos mais desiguais. Os cerca de 14,2 milhões de adultos nesse decil têm renda média de R$ 28,5 mil e capturam 55,5% dos rendimentos totais.

Depois do Brasil e do Qatar, onde o 1% detém 29% da renda, países com forte acúmulo no topo são Chile (modelo liberal para muitos e proporcionalmente mais rico que o Brasil), Líbano, Emirados Árabes e Iraque.

https://temas.folha.uol.com.br/desigualdade-global/brasil/super-ricos-no-brasil-lideram-concentracao-de-renda-global.shtml


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