FUVEST - TEMA NOVO: Sociedade do Cansaço




Há um novo modo de vida espalhando-se nas últimas décadas pelo mundo e que está moldando as mentalidades, contudo também está exaurindo as energias do ser humano. Pensando nisso, escreva um texto dissertativo argumentativo em prosa sobre A SOCIEDADE DO CANSAÇO E A SOCIEDADE DO DESEMPENHO.


TEXTO 1.

“Em 2013, uma pesquisa realizada pelo Ibope demonstrou que 98% dos brasileiros se sentem cansados mental e fisicamente. Os jovens de 20 a 29 anos representam a maior fatia dos exaustos.

Para o filósofo sul-coerano, Byung-chul Han, autor do livro “Sociedade do Cansaço”, os males da alma surgem de um excesso de positividade presente em todas as esferas da sociedade contemporânea. Nesses discursos, predominam as mensagens de ação produtiva e as ideias de que todas as metas são alcançáveis. O autor simboliza esse fenômeno a partir do slogan da campanha presidencial de Barack Obama em 2008: “Yes, we can” (“Sim, nós podemos”, em tradução livre) e do slogan da Nike, “just do it” (“simplesmente faça”).

De acordo com o filósofo, o excesso de positividade presente na contemporaneidade culmina na criação de uma “sociedade do desempenho”, um cenário em que a produtividade se torna um norte para os indivíduos. Han afirma que a sociedade do desempenho seria um contraponto à sociedade disciplinar postulada pelo filósofo francês Michel Foucault no século 20. Na sociedade disciplinar de Foucault, o indivíduo é vigiado constantemente, estando sujeito às normas locais e às punições decorrentes de qualquer tipo de desvio de conduta. 

“A sociedade do século 21 não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade do desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais ‘sujeitos da obediência’. São empresários de si mesmos. (...) No lugar de proibição, mandamento ou lei, entram projeto, iniciativa e motivação. A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados” - Byung-chul Han

A falta de tédio e os multitarefas

Em “Sociedade do cansaço”, Byung-chul Han também argumenta que o excesso de positividade que causa a fadiga geral se manifesta a partir de um excesso de estímulos. O multitasking, a habilidade de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo, é uma das formas do excesso de estímulos. A principal consequência disso para o autor é a perda do aprofundamento contemplativo do ser humano, com os indivíduos desenvolvendo “uma atenção ampla, mas rasa, que se assemelha à atenção de um animal selvagem”.

A inquietação decorrente do excesso de estímulos gera uma aversão ao tédio na sociedade, criando um cenário em que as atividades são buscadas constantemente.
Para Han, o ócio criativo é fundamental para a evolução intelectual da humanidade, nos mais diversos campos.

“Os desempenhos culturais da humanidade, dos quais faz parte também a filosofia, devem-se a uma atenção profunda, contemplativa. (...) Essa atenção profunda é cada vez mais deslocada por uma forma de atenção bem distinta, a hiperatenção. Essa atenção dispersa se caracteriza por uma rápida mudança de foco entre diversas atividades, fontes informativas e processos. E visto que ele tem uma tolerância bem pequena para o tédio, também não admite aquele tédio profundo que não deixa de ser importante para um processo criativo. (...) Se o sono perfaz o ponto alto do descanso físico, o tédio profundo constitui o ponto alto do descanso espiritual” - Byung-chul Han.

Estudos documentam as consequências do excesso de trabalho. Uma pesquisa de professores da Universidade de Angers, na França, publicada em junho de 2019, apontou que trabalhar mais de 10 horas diárias, por pelo menos 50 dias ao ano, é um fator de risco para a ocorrência de Acidente Vascular Cerebral nos trabalhadores.

Uma pesquisa de 2003, publicada pelo Instituto de Estudos do Emprego do Reino Unido, indicou uma relação entre longas jornadas de trabalho e o desenvolvimento de tabagismo, problemas relacionados ao sono, doenças cardiovasculares e retardamento no crescimento fetal em trabalhadoras grávidas. Além dos efeitos na saúde, a pesquisa do instituto britânico demonstrou que mais horas de trabalho estão relacionadas a uma queda de produtividade nos trabalhadores, decorrente do cansaço físico e mental.

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TEXTO 2.

Por que cada vez mais jovens estão exaustos na Suécia, o 'paraíso' das leis trabalhistas

É um clichê quando falamos da Suécia: as pessoas lá trabalham em escritórios amplos com mobiliário ergonômico, e fazem várias pausas ao longo do dia - chamadas de fika - para lanches, geralmente acompanhados de um pãozinho de canela. Na sexta-feira, a chefia libera todo mundo para sair mais cedo - e as pessoas se mandam para chalés à beira de algum lago paradisíaco.

Embora nem todos os trabalhadores tenham tais luxos, os números sugerem que menos de 1% dos suecos trabalham 50 horas por semana ou mais (no Brasil, a jornada regulamentar é de 44 horas por semana), e os cidadãos suecos têm garantia de pelo menos cinco semanas de férias.

Por que estamos todos tão cansados?

Existe uma solução para o 'burnout' da geração millennial?

Há uma forte cultura de trabalho flexível, juntamente com algumas das mais generosas licenças parentais e subsídios para quem tem filhos no mundo.

Por isso tudo, não é um lugar onde você esperaria encontrar um funcionário exausto que está lutando para concluir tarefas no local de trabalho ou que não consegue "desligar" do trabalho quando chega em casa.

Mas o número de pessoas diagnosticadas com doenças crônicas relacionadas ao estresse - incluindo a exaustão, uma condição também conhecida como "esgotamento clínico" ou "síndrome de burnout" - aumentou rapidamente nos últimos anos. Esta categoria de doença foi a razão mais comum para os suecos faltarem o trabalho em 2018, de acordo com a Swedish Social Insurance Agency (equivalente sueca do INSS brasileiro).

A síndrome de burnout foi responsável por mais de 20% dos casos de auxílio-doença em todas as faixas etárias, no ano passado.

As taxas cresceram dramaticamente entre os jovens trabalhadores, com um aumento de 144% dos casos envolvendo pessoas entre 25 e 29 anos desde 2013.

As mulheres são mais propensas do que os homens a ficar doentes com exaustão - especialistas dizem que as mulheres ainda gastam mais tempo em tarefas domésticas, independentemente de terem filhos ou não, e estão super-representadas em trabalhos estressantes, baseados em cuidados, como a enfermagem e o trabalho social. Apesar disso, o aumento tem sido perceptível em ambos os sexos e em diferentes setores.https://www.bbc.com/portuguese/vert-cap-49211535


TEXTO 3.

A síndrome de burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes. Professores e policiais estão entre as classes mais atingidas.

 A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no grupo 24 do CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) como um dos fatores que influenciam a saúde ou o contato com serviços de saúde, entre os problemas relacionados ao emprego e desemprego.

Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.
Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno.


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