Vamos inverter uma conta como se inverte um bigode: o que Determina o Homem é o que ele sonha.

Vamos inverter uma conta do mundo, como se inverte um bigode. Um simples resultado seria: 
O que determina o homem é seu futuro, como o que explica a existência de uma árvore é a natureza de seu fruto. 


Fizeram-nos pensar que o que determina o homem é seu passado, sua história, e o que herdou. E isto é tudo o que o Status Quo deseja para manutenção do mesmo. Dos pensamentos mesmos. Da  política mesma. Das conversas mesmas. Pois bem,  observe, se o que determina o homem é seu passado, prendemo-nos a ele, as histórias que as famílias ergueram, procurando minimamente protegê-las, mas muitas vezes com isso oprimimos o que há de pensamento salutar para o desenvolvimento daquilo que nos causará melhoramentos. Melhor dizendo, quando aceitamos o determinismo do passado, caímos muito próximos ao Determinismo Social e Biologicista de H. Taine que tanto influenciou o Naturalismo literário no mundo, o qual dizia que o homem é determinado pelo meio, pelo tempo, pela cultura e pela raça de onde proveio e vive. 



Obviamente, Einstein, Machado de Assis, Fernando Pessoa, Dalí não seriam lá grandes coisas segundo o Determinismo Social. E estes são apenas quatro grandes exemplos do como o meio NÃO determina o homem, mas pode determinar aqueles que aceitam ou que pouco fazem por diferenciar-se dos discursos hegemônicos de cada vida, de cada época, de cada era.

Einstein disse algo muito semelhante ao que disse Nietzsche, Fernando Pessoa, Machado de Assis e Dalí: a física que estudo, só cinco ou seis pessoas no mundo hoje são capazes de entender e saber do seu real potencial. Nietzsche teria dito que sua filosofia era póstuma, só os que ainda não nasceram seriam capazes de compreender o que ele estava a fazer. Fernando Pessoa explicava o homem pós-moderno fragmentado em máscaras e diluído em heterônimos em pleno modernismo. Machado de Assis antecipou estudos sobre a alma humana com um psicologismo ainda mais voraz e explicativo que nem Freud anos depois poderia sonhar ou anotar em seus cadernos de psicanálise. Dalí fez da tela uma inversão da realidade, uma suprarrealidade, uma surrealidade, muito inspirada pelo Cubismo de Picasso, fez na pintura a verdade do absoluto tornar-se relativa. Dalí pintou os sonhos, muito mais que os determinismos do passado.

"O homem e a história são feitos de possibilidades, e não de determinismos." - Paulo Freire



A vida de um homem ético está atrelada ao futuro, aos frutos que dela vieram e virão. Não digo aqui que poeta bom é poeta morto, ou que político santo é político morto, digo diferente: que uma vida iluminada se guia no futuro, se determina de futuro. Daquilo que ainda não fez, e que acorda já com vontade de melhorar. De constantemente trabalhar acima da média e das mediocridades.  



João Wanderley Geraldi é um desses homens filósofos. Pensador de Cultura. Um pensador nato. Crítico voraz das amarras sociais e politiqueiras. Um homem a ser lido, discutido e questionado. Um homem que sente que o futuro o determina, por isso é do presente que se questiona e vive. Ainda mais isso se torna claro, por ele ter escolhido a Educação: lugar onde o futuro permanece latente.



Estou lendo dele "A aula como acontecimento". Pedro & João Editores. São Carlos. 2010. É o Livro que Revolucionou o Ensino de Língua Portuguesa nos últimos 30 anos no Brasil:

http://www.pedroejoaoeditores.com.br/estudos-da-linguagem/joao-wanderley-geraldi.html


Para mim, o homem é aquilo que escolhe (ato responsável e vivo no presente, como a escolha de cada palavra) e sonha (aquilo que o futuro determina). E que Jacques Derrida vaticinou em uma frase:

"Herdeiro não é alguém que apenas recebe, mas alguém que escolhe."

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