ENEM - O aumento da violência no Brasil: como solucionar?



TEXTO 1.

Uma manobra estatística do governo Geraldo Alckmin, apontada pelo jornal Folha de S. Pauloreduziu o número de homicídios ocorridos no Estado de São Paulo em 2015. Nas contagens deste ano, diz o jornal, o governo passou a desconsiderar as mortes provocadas por policiais de folga em legítima defesa. Nos anos anteriores, esses incidentes entravam no índice de homicídios. A mudança no critério de contagem, feita sem divulgação do governo, tornou os números de 2015 mais positivos do que de fato são. A nova metodologia fez com que a queda no número de assassinatos em 2015, quando comparada com anos anteriores, parecesse mais acentuada. Isso só aconteceu porque as estatísticas dos anos anteriores não foram atualizadas e a contagem não obedece à nova metodologia.

De acordo com a Folha, a tática permitiu ao Estado retirar 102 mortes das estatísticas oficiais – algo equivalente a 5 chacinas como a ocorrida no dia 13 de agosto em Osasco e Barueri (SP).Segundo a nova metodologia, houve queda de 13,2% nos assassinatos ocorridos no Estado. 

O governo defende a adoção da nova metodologia, dizendo que ela se espelha em métodos empregados em outros países. Mas não diz em quais países se espelhou. Ainda de acordo com o governo as mortes provocadas por policiais de folga nunca foram levadas em conta pelo governo ao calcular o número de homicídios cometidos no Estado. Isso porque, segundo a Secretaria de Segurança Pública, homicídio é um crime - e o policial de folga que mata para se defender, ou para defender a população, não comete um crime.

Para a pesquisadora Samira Bueno, especialista do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e responsável por fazer a análise dos dados a pedido da Folha, o governo só pode fazer essas comparações se atualizar a série histórica – e alterar os números dos últimos anos para que eles obedeçam ao novo método de contagem.

Para Samira, a mudança de critério, feita sem divulgação ao público, é “irresponsável” e “induz ao erro”. “Se eles falam em transparência, isso não é nada transparente”, diz a pesquisadora. A redução de homicídios em patamares recordes é anunciada na publicidade oficial do Estado, e usada como bandeira do secretário de Segurança, Alexandre de Moraes – cotado para disputar a prefeitura de São Paulo em 2016.




TEXTO 2.

Manobra da gestão Alckmin diminui número de homicídios em SP
ROGÉRIO PAGNAN e LUCAS FERRAZ - DE SÃO PAULO - 09/11/2015.


Gestão Alckmin calcula taxa de homicídios fora do padrão mundial
ANDRÉ MONTEIRO e ROGÉRIO PAGNAN - DE SÃO PAULO - 26/02/2016







TEXTO 3.

RIO — Em 2016, pela primeira vez na história, o número de homicídios no Brasil superou a casa dos 60 mil em um ano. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de 62.517 assassinatos cometidos no país em 2016 coloca o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o da Europa. Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta. Ou seja, um total de 153 mortes por dia.

O número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas.

O impacto das armas de fogo também chega a níveis elevados no país, que tem medições sobre mortes causadas por disparos desde 1980. Se naquela época a proporção dos homicídios causados por armas de fogo girava na casa dos 40%, desde 2003 o número se mantém em 71,6%.

MAIS MORTES POR TIROS

De 1980 até 2016, quase um milhão de brasileiros perdeu a vida por conta de armas de fogo. As 910 mil pessoas mortas por perfuração causada por disparos são, segundo o Atlas da Violência, vítimas de uma questão "central" do país.

Com um total de 71,1% de homicídios cometidos com uso de armas de fogo (taxa que cresceu por décadas até 2003, ano da criação do estatuto do desarmamento), o Brasil deixou de ocupar um patamar próximo ao dos vizinhos Chile (37,3%) e Uruguai (46,5%) e hoje se aproxima à El Salvador (76,9%) e Honduras (83,4%). Na Europa, a média é 19,3%.


 

ENEM - A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Aumento da Violência no Brasil: como solucionar?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.


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