Ser de direita, ideologias dominantes e o caso uruguaio

Ser de direita (no caso do proletariado brasileiro), ideologias dominantes e o caso uruguaio.

"Pobre no Brasil é de direita". Não sei quem realmente disse isso, dizem que foi Tim Maia, mas já ouvi que foram outros. Na verdade, o que me chama atenção é que faz sentido mesmo, digo isso pois sendo um "ex morador" de periferia, já ouvi muitas máximas, do tipo: "tá preso, ninguém mandou, talvez devessem descer bala nesses caras". Forte, palavras duras. Lado triste disso tudo, é contraditório esse sentimento, então, algumas indagações vieram a mente:

 - Problemas educacionais
 - Ideologia dominante

Espero poder contribuir com o ensino público (não só público, mas especialmente), já que me parece centro de muitas potencialidades, boas e ruins. Um bom professor de humanidades deve criar indagações, investigar, procurar explicar coisas, abrir portas, somar; nunca subtrair, nunca fechar os olhos, nunca aceitar o que está errado.
Digo isso pois vejo alguns educadores se ausentando, evitando o famoso "campo minado". Uma boa educação, que abre portas, deveria mostrar que no caso do Brasil as elites cumpriram seu papel: apagaram os sonhos, as possibilidades de ascensão (claro que há exceções, mas devemos sempre pensar no todo), e o pior, compramos esse discurso.

Um pobre, um proletário, não comprou o sonho de ser médico ou de ser um advogado formado pela São Francisco (USP). Desde pequeno deixou de ter esse sonho, melhor, ao ver a sua realidade, nem conseguiu criar abstrações para tê-lo.

Esse cara, do bem, quando atinge um relativo bem estar (carteira assinada, carro popular, casa própria com prestações a perder de vista), e sem uma educação adequada, que mostra para ele as contradições de nossa sociedade, "pensa": agora é minha vez de conservar. Torna-se conservador sem perceber.

Pior, esse cara, quando atinge um patamar de riqueza maior ainda, torna-se um conservador nato. Bate no peito e diz: "trabalhar que nem um louco como eu ninguém quer né". Torna-se da opus dei sem perceber.

Não acho errado enriquecer, atingir patamares sociais elevados, comprar produtos personalizados, só não estou tão interessado nisso. Acho errado, e levo como obrigação, a necessidade de abrir os olhos das pessoas, não doutrinando, convidando, abrindo novas portas.

Conseguiremos?

Nesse sentido, acho fundamental o Mujica ter tanto destaque internacional. Creio que muitas reflexões que ele faz são viscerais, atingem núcleos duros e rígidos, engessados pelo fim da empatia.

Lado duro disso tudo?

Quem tá lendo suas declarações? Quem tá pensando no próximo ao fazer as ótimas reflexões que esse cara tá fazendo? As grandes elites? As periferias?

É claro que na periferia tem gente entendendo, mas ainda acho que o discurso dele bate mais forte em quem já é favorável a ele, a elite de esquerda intelectualizada, com maior poder econômico.
Quando teremos um Mujica? A Dilma poderia ser?

Quando investirmos mais em educação. O Uruguai tem dado um baile no Brasil nesse sentido, basta ver todos os seus indicadores e compará-los conosco. Acho (não tem como ter certeza), que se a nossa política fosse diferente, com menores necessidades de alianças para governar - muitas que, aliás, são grotescas -  a Dilma teria uma linha parecida.

Contribuições que ajudam a entender um pouco isso tudo:



http://jornalggn.com.br/fora-pauta/desvendando-a-espuma-o-enigma-da-classe-media-brasileira (esse avança no velho debate "classe média", fala de meritocracia, que permeia a ideologia citada no texto)



Comentários

  1. Bravo!

    "Pobre no Brasil é de direita" até o momento que se pergunta pelo que sonha.
    E lá estão: distribuição de renda, escola de qualidade, saúde e cuidados para todos.

    Contudo, vale o que ele discursa, vale as atrocidades que ouve e reproduz. Fica de direita.
    Mantenedor do Poder, das Aristocracias, das Oligarquias, das Mídias Oficias.
    Embora esteja ai, na mão dele, no sonho dele, do estudo dele, o instrumento de maior ruptura histórica:
    o desenvolvimento do OUTRO, como se gosta e acredita em si mesmo.

    Dizem que o diálogo é assim, liberta quando liberta o outro.
    Vercors tenha uma frase contundente que diz:

    "A liberdade do outro estende a minha ao infinito."

    Então, damos liberdade e resposta responsável.

    Mujica defende isto e mais!
    Querer ser professor no Brasil e sê-lo é uma bela escolha histórica!

    Em cada casa, deveria ter um professor!
    Feliz a casa que o tem!
    Alegre e educado o País que o incentiva!


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