O ato falho de não se acentuar as palavras "publicas"


Um erro Aécio: a falta de acento nas "contas publicas",

É da pensadora alemã mais poderosa do século XX, Hannah Arendt, a seguinte frase: "Podemos nos informar a vida inteira sem nunca nos educar." Esta sentença esclarece o momento brasileiro, pois vem se tornando nítido o tamanho da falta de educação política (analfabetismo) por parte de uma elite financeira, principalmente representada por Aécio Neves.

É sabido que Dilma Rousseff fora alçada à candidata em 2010, mesmo não tendo carreira política sólida, por um partido, o PT, que parece ter se vendido à cargos. Em 2014 na reeleição aparece para consolidar um projeto de governo dito assistencialista e que tirara 20 milhões do mapa da fome mundial (louvável!). As eleições de 2014 e os debates entre Aécio e Dilma ficaram como os mais "envergonhantes" debates da História do Brasil. Ataques pessoais, falta de projeto de governo e criação de uma bipolaridade eleitoral que se arrasta até os dias de hoje, e poderá render muito mais.

Nesta manhã, segunda-feira, 31 de Agosto de 2015, o senador Aécio Neves escreveu um artigo na FOLHA de S. Paulo, logo na segunda página do periódico, na mesma página em que fica o Editorial do Jornal. E o que diz o artigo? Diz mais do mesmo: um ódio declarado ao PT e destila toda a obsessão de Aécio pelo Palácio do Planalto.
O artigo de Aécio não é apenas limitado e para limitados, pois atribui a crise econômica 100% ao Brasil, e desconsidera totalmente a crise que o mundo se arrasta desde 2008. Sim, acreditem, o senador disse isto no artigo intitulado "Made in Brasil" [Sic]. E quase diz que a culpa pela crise econômica do mundo é do PT. O artigo é de uma limitação cognitiva abissal!

Porém, Aécio comete gafes importantes. O título deveria trazer "Brazil" com "Z" e não com "S" para dar a conotação que queria: mostrar que o país se vendeu e não é mais uma nação respeitada no mundo. Mas Aécio parece ser, realmente, limitado cognitivamente e não notou tal sutileza. Parece estar isolado, sem leitores e gente com boa capacidade de interpretação para lhe dar um toque, uma dica que seja no texto que escrevera. E isto fica nítido na hora que escreve a expressão "contas publicas" e não acentua a proparoxítona.

Pode parecer um erro, mas a psicanálise e a linguística vão decretar que se trata de um "ato falho", como algo que diz muito do que se pensa, ao escapar um erro de palavra; ou seja, é mais que um simples erro o que o senador comete. Pois Aécio ao não acentuar "públicas" mostra suas raízes neoliberais, oligárquicas e patrimonialistas. Aécio tem ojeriza pela coisa pública [leia-se "Rés Pública", da língua clássica que gerou "República"]. O senador tucano tem asco pelo regime democrático, no qual se disputa legitima e cotidianamente o bem comum - conceito de Michael Sandel, professor de Harvard. Aécio Neves ao não acentuar um palavra proparoxítona não fere simplesmente a regra gramatical, de que todas as proparoxítonas são acentuadas, mas fere o centro da democracia mais uma vez.

Talvez, calcado nos legítimos 51 milhões de votos de brasileiros dados a legenda dele, o senador candidato à presidência venha se valendo da "ilegítima" argumentação de que o povo brasileiro gosta de demagogos e antidemocratas como ele. Aécio vem ferindo não só a língua portuguesa, mas nossos ouvidos com seus dizeres raivosos, suas frases prontas em um texto cheio de mesmices ditas por analfabetos políticos; portanto, vem ferindo nossa inteligência política e nossa recente educação democrática.
Aécio Neves erra. E erra mais quem vai na mesma crítica raivosa dele e não vê que a crise é econômica e mundial, mas pode ficar cada vez mais "acentuada" se continuar sendo levada só para razões particulares, oligárquicas, patrimonialistas e privadas, e não pensada em caráter público.

Podemos nos informar, treinar e repetir a vida inteira sobre a regra: "toda palavra proparoxítona é acentuada", mas se não nos educarmos, a cada vez, que pensamos na coisa pública, o acento da palavra é apenas um detalhe. E assim vamos perdendo um princípio democrático valioso: o direito de buscar o porquê do acento da coisa "pública".

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